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sábado, 15 de agosto de 2009

Como lidar com os sentimentos

Pe. Denilson Aparecido Rossi, imd

"Qualquer um pode zangar-se – isto é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil." (Aristóteles – Ética a Nicômaco)

Os meses de novembro e dezembro nos preparam para findar mais um ano. É muito comum, nesta época do ano, ouvir as pessoas dizerem que estão cansadas, precisam de férias, etc. É provável que muitos sentimentos foram acumulados e mal resolvidos... Neste contexto quero oferecer uma pequena reflexão com o desejo de ajudar a cada um a lidar melhor com seus sentimentos e ter uma vida mais saudável. Os sentimentos "são guias essenciais" que nos levam a uma compreensão mais profunda de nós mesmos. Se não sabemos o que sentimos, não sabemos quem somos. Como pessoas, nós somos sentimentos e desencadeamos sentimentos. Mas, o que fazemos com o que sentimos? No senso comum, o CORAÇÃO é considerado a SEDE DAS EMOÇÕES. Mas, para a ciência, a SEDE DAS EMOÇÕES é o CÉREBRO. Mais precisamente o sistema límbico... Em se tratando de sentimentos, precisamos considerar as duas mentes/cérebros: emocional (sistema límbico) e racional (neocórtex). O segredo de uma vida saudável é permitir o equilíbrio das duas mentes: a emocional e a racional. Nesta direção é muito importante saber canalizar as emoções. A canalização das emoções é indispensável para que o processo de amadurecimento afetivo possa se desenvolver com harmonia interior. A espontaneidade na expressão da emotividade é também necessária para essa maturidade. Orientar as emoções não é eliminá-las, mas tomar consciência delas e procurar situá-las no conjunto da vida pessoal, canalizando sua energia na direção do projeto concreto de humanização. Um controle das emoções só é pedagogicamente válido quando a pessoa tem consciência da própria emotividade, aceita as emoções como uma realidade própria, percebendo seus aspectos positivos e negativos, e procura viver com coerência e autenticidade o projeto pessoal de vida com suas decorrentes opções fundamentais. A ausência da canalização das emoções faz com que a pessoa fique desorientada, facilmente prisioneira da emoção do momento, da opinião dos outros, insegura, sem consistência interior. A orientação é necessária precisamente para que possa desabrochar a riqueza da pessoa como um todo. É neste ponto que surgem os sentimentos propriamente ditos. Na passagem das emoções para a razão. As emoções se permitem ser sentidas pela razão e a razão se permite sentir as emoções. O ser humano é um ser racional-emocional. Portanto, os sentimentos são a nossa energia vital. O sentimento é uma reação ou resposta interna, espontânea e típica do indivíduo a uma situação dada. É uma reação interna; isto é, tem lugar dentro do indivíduo. É uma reação espontânea e imediata: brota do fundo emocional automaticamente, não em virtude de uma reflexão. Os sentimentos são fundamentais para se entender os mecanismos interiores de uma pessoa e sua personalidade. É uma reação típica de cada um, tão típica e exclusiva que o sentimento revela a personalidade muito mais que qualquer outro recurso ou procedimento. "... nossos sentimentos são como nossas impressões digitais, como a cor dos nossos olhos e o som da nossa voz, únicos e irreproduzíveis" (John Powel). O sentimento revela o teu fundo emocional muito melhor que mil palavras. Mais ainda: estas podem mentir, os sentimentos nunca mentem. Palavras e pensamentos podem ser subornados, os sentimentos nunca. Daí a importância de escutar os sentimentos. Normalmente passamos dos sentimentos para a ação sem nos determos neles, sem tomar consciência deles nem tratar de avaliá-los. Como conseqüência, em vez de dominarmos os sentimentos, somos dominados por eles. Os sentimentos não são nem bons nem maus. São forças ao serviço da pessoa. Bem utilizadas, a farão cada vez mais livre; mal utilizadas ou simplesmente, não utilizada, a escravizará cada dia mais. Neste sentido a função dos sentimentos é impulsionar a pessoa para a ação. Efetivamente, sem os sentimentos, a ação humana aparece como vazia, pobre, ineficaz, fria... Os sentimentos nos põem na relação com os outros. Sem os sentimentos, o ser humano é incapaz de trabalhar bem. O que efetivamente faz com que o ser humano "se empenhe na tarefa de si mesmo é uma emotividade saudável, positiva e prazerosa". Os nossos sentimentos têm a capacidade de resumir o que experimentamos e nos dizer "se o que estamos experimentando é agradável ou doloroso". À medida que vamos descobrindo e compreendendo nossos sentimentos aumentamos nosso potencial de vida. Para tanto é preciso muita honestidade com o que sentimos. Viscott afirma que "quanto mais sinceros nos tornamos, mais energia teremos para nos haver com os problemas aos quais temos que fazer face". O ideal para se manejar os sentimentos, e através deles toda a nossa vida, é dar os seguintes passos: Identificar e acolher: Se não identifico e não acolho os meus sentimentos, não posso controlá-los; eles me controlarão. Se estou mal humorado, e não identifico e admito, acabarei dando respostas bruscas e injustas. Quem não identifica e acolhe os seus sentimentos se condena a reforçá-los, correndo o risco de ser dominado por eles. Avaliar: É o aspecto da advertência. O sentimento é como um hóspede intruso. Precisamente por passar inadvertido, tem a liberdade para movimentar-se a seu desejo e fazer o que quiser. Pode causar muito dano. Mas uma vez reconhecido como hóspede, sua liberdade de movimento fica restringida. Com a advertência e avaliação vem o controle dos sentimentos. Compartilhar: quem reconhece seus sentimentos e pode compartilhá-los é quem se aceita com seus sentimentos, se ama como é e é capaz de deixar-se ver como é. Mais precisamente deixando-se ver como é, será amado como é; e ele mesmo, sentindo-se como é, terá esse novo estímulo, maravilhoso, para aceitar-se a si mesmo. Compartilhar é, pois, a condição do verdadeiro crescimento pessoal. Reprimir ou guardar um sentimento, por medo de ser rejeitado, é cair no infantilismo da vida não permitindo-se o direito de crescer. "A luz que você está procurando é interior. A luz é vida, é amor, é você. Ache-a, nutra-a, partilhe-a. Procurá-la é participar do infinito". (David Viscott) Identifique e acolha sem medo os seus sentimentos. Avalie-os e compartilhe com alguém de sua confiança. Sua vida será muito mais saudável... Com carinho e ternura!

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EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde