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sábado, 26 de março de 2011

EX ESCRAVA

ILUSÕES, VAIDADES, E ESCRAVIDÃO. A cegueira continua, e as mulas, cegamente, vão prestando os seus serviços escravos, mas, é claro! Tudo por amor. A grande massa dos que se dizem sambistas, nunca estiveram na chamada cidade do samba, se tais o fizessem, talvez jamais tornassem os seus pés nas quadras das escolas; pois poderiam a partir daí, terem um momento que fosse de reflexão. É simplesmente impressionante ver a qualidade dos veículos dos carnavalescos nas vagas cativas do estacionamento, e é lamentável ver o final dos desfiles das escolas mais pobres, quando os coitados dos súditos, têm que sair pelas ruas da cidade, como verdadeiros escravos, empurrando gigantescos carros alegóricos; por estas cenas, vemos que a escravidão ainda não acabou, mas pelo menos, estes podem decidir se param ou continuam. Porém, nunca vimos um presidente de escola por a mão em nada, exceto é claro, na grande fortuna doada pelos patrocinadores, mas isto sequer precisa chegar aos ouvidos dos escravos, a final, tudo o que fazem, é por amor. Além dos patrocínios individuais dos carros, ainda tem a grande doação dos governos: Dois milhões de reais por ano, não para todos, é claro, mas como noventa por cento do material é reaproveitado para o próximo ano, a diretoria carnavalesca agradece a contribuição. Enquanto os pobres coitados mulos arrastam suas pesadas fantasias na Sapucaí, as redes de hotéis lhes deixam os sinceros agradecimentos pelo faturamento dos poucos dias que valem ouro. Mas é claro, isto não importa aos escravos, afinal, é tudo por amor, e como pisariam na Sapucaí se não fosse desta forma, não importam quem ganhe pesados lucros sobre suas costas, a final, eles são os astros, o espetáculo, são os gladiadores que alegram a arena... bravo!!! Será que algum destes empregados não remunerados já parou para pensar no porque de as redes de TV quase se matarem pelo direito da cobertura do carnaval? É claro que não, afinal, o que importa, são astros, estarão no meio de uma grande massa, os DVD’s gravados irão para todo o mundo, e eles irão também, o que importa que os empresários da rede televisiva fiquem um pouquinho mais milionários, e que não lhes dêem nenhuma participação em seus lucros, a final são os astros, e o fazem por amor, somente por amor. E assim como no carnaval, tal o é também nos clubes de futebol, onde os torcedores batem no peito e dizem o meu time, o meu clube, e assim a grande massa se reúne nos gigantescos estádios para pagarem os expressivos salários dos jogadores, que por sua vez não têm time nem clube, mas o que pagar mais está muito bom... É isso aí, podem retirar o tronco, podem retirar as algemas e os chicotes, mas enquanto não houver entendimento haverá sempre escravos, e haverá sempre Senhores de Engenho. (O autor não é desconhecido, mas um ex-escravo). --

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vocêsabeessa

EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde