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sábado, 5 de setembro de 2009

Os urubus resolveram aprender a cantar. Contrataram os melhores professores – todos pós-graduados – e passaram a reunir-se, diariamente, sobre um telhado, para as aulas (teóricas e práticas). Todos os dias era aquela canseira... Os professores dando aulas, ensinando técnicas e mais técnicas, e o que mais os urubus conseguiam era uma séria de “Grr, Grurrr, Gorr”, e outros sons do tipo. Uma coisa horrível. Mas os urubus não estavam nem aí. (nem os professores). O certo é que, passados dois anos de grandes esforços, dois anos de bunda na cadeira, digo, de penas no telhado, chegou o grande dia da formatura. Todos reunidos (alunos e professores) os discursos de sempre, orgulho “pingando”..., empáfias, mil. Desde então os urubus se reuniam sobre o telhado, duas vezes por semana, para “cantar”: “Grr. Grurrr. Gorr” - e vamos nós, pois elite é elite e quem pode, pode; e quem não pode se sacode.
Certo dia enquanto os urubus estavam reunidos “cantando”, eis que pousa, próximo a eles, numa quina do telhado, um sabiá. Inadvertidamente, sem saber que estava “usurpando” espaços alheios, o sabiá, natureza pura, solta aquele canto maravilhoso! Os urubus, indignados com aquela intromissão, interrompem o canto do sabiá e, dedos em riste dirigidos à pobre ave canora, gritam em uníssono (voz de barítono): “TEM DIPLOMA???????”
O sabiá toma um susto, interrompe seu maravilhoso canto e, assustado, ao tempo em que balança a cabeça para um lado e para o outro, responde baixinho: “n...ão, senhor..”
Os urubus, com voz de barítono gritam em uníssono:
ENTÃO CALA A BOCA, SEU PÁSSARO DESPREPARADO!!!

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vocêsabeessa

EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde