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sábado, 6 de outubro de 2012

Não quis te chamar de velha
Minha querida, mil desculpas!

Não precisava ficar brava comigo, eu apenas me expressei mal. Quando disse que você parecia a minha nona, não quis dizer que você está velha, mas apenas lembrei que você é tão meiga e delicada quanto a minha vózinha; isso, aquela que você conhece, a velha Violeta, que mora lá no Sul!
É que você não tem a menor paciência comigo e toma tudo ao pé-da-letra, pôxa vida! Eu só estava querendo ser gentil com você e, portanto, acho uma injustiça você ficar esse tempo todo sem querer falar comigo. Ainda mais que eu sei que você não pára de ouvir aquela música do Djavan na qual ele diz que "Deus criou a via-láctea e os dinossauros pensando em você"... A via-láctea, tudo bem; mas, os dinossauros é demais, não é! Já pensou se eu te digo uma coisa dessas? Era capaz de você dar com o rolo de macarrão no meio dos meus cornos (ôpa, olha só eu me expressando mal de novo, ainda bem que isto é uma carta e dá tempo de explicar que eu não quis te chamar de infiel)! Mas, voltando à história dos dinossauros, se fosse eu, você ficaria fula, mas o Djavan cantando você acha o máximo.
Quer saber mais: outro dia você ficou nervosa só porque eu disse que a sua mãe parece com a Erundina. Vê se pode, ficar brava por causa disso? Eu só queria dizer que a sua mãe é uma pessoa batalhadora e luta pelos seus objetivos. Foi um elogio, mas até você entender, fiquei repetindo explicações feito um papagaio de circo e quase te chamei de burra, de tão teimosa e irredutível que você estava. Puxa, ainda bem que eu não disse que você era burra, não é minha flor*?

Um beijo do
(assinatura)

* já ia me esquecendo: flor quer dizer flor mesmo, tá?

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vocêsabeessa

EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde