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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Tudo começou com o crescimento do mercado de imóveis americado, logo após a crise das empresas “pontocom” ou “dot com”, em meados de 2001. Após tal crise o mercado de imóveis se aqueceu e o FED (Federal Reserv - Banco Central (BC) Americano) resolveu abaixar os juros para incentivar o crédito e o consumismo. Aliás, mais do que incentivar, o FED queria era reencorajar as pessoas a tomarem empréstimos, financiamentos, etc. Pois bem, a tática do FED funcionou e o mercado imobiliário se aproveitou disso, principalmente depois de 2003 quando os juros para financiamento de imóveis chegou a 1% ao ano, o menor em 50 anos nos EUA. Em 2005 o “boom” no mercado imobiliário ia a todo vapor e comprar um imóvel, ou mais de um, era fácil e também considerado um bom investimento, visto o aquecimento do mercado. Nesta época as hipotécias cresceram absurdamente. Hipotecar um imóvel é o ato de refinanciar este imóvel, ou seja, vamos supor que um imóvel valha U$ 100.000,00. Você pega U$ 100.000,00 e paga a hipotéca todo mês e usa os U$ 100.000,00 para gastar no que você quiser. É uma prática bem comum nos EUA. Nesta época algumas empresas que faziam as hipotecas descobriram um nicho de mercado que não era explorado: o crédito “subprime”. Crédito “subprime” é um tipo de crédito considerado de segunda linha, ou seja, para pessoas de baixa renda e com histório de inadimplência. Logicamente que este tipo de crédito tem muito mais risco envolvido, pois as garantias de recebimentos são bem pequenas. Também é lógico que por ser mais arriscado os lucros que incidem em tais créditos são bem maiores. Agora começam os problemas. Atraidos pelas promessas de altos ganhos com o crédito “subprime”, bancos e fundos de pensão compraram tais títulos das empresas de hipotécas, permitindo que tais empresas tivessem mais capital para emprestar sem ter recebido nenhum cetavo do primeiro empréstimo. Vamos exemplificar para facilitar o entendimento. O Sr. Firmino hipoteca sua casa no valor de R$ 10.000,00. A empresa de hipoteca paga R$ 10.000,00 ao Sr. Firmino para que ele faça pagamentos mensais de R$ 200,00 durante 100 meses totalizando R$ 20.000,00. Um bom lucro de 100%. O Sr. Firmino é um baita de um caloteiro, mais como é considerado “subprime” ele consegue crédito mesmo assim. Bom, o Sr. Pedro é o gestor de um fundo de pensão, como PREVI, Real Grandeza, e outras do Brasil, e resolve comprar tais títulos da dívida do Sr. Firmino com a empresa de hipoteca. A empresa de hipoteca vende o crédito concedido ao Sr. Firmino por R$ 15.000,00 sendo que tal crédito renderá R$ 20.000,00 ao final dos 100 meses. Agora a empresa de hipoteca, sem ter recebido nada do Sr. Firmino, já tem mais R$ 15.000,00 para emprestar. O Sr. Pedro, como um bom gestor, vende estes títulos para outros investidores, com promessa de altos lucros. Agora, advinhem o que vai acontecer se o Sr. Firmino não pagar a dívida? Se isso acontecer toda a cadeia que envolve a empresa de hipoteca, o fundo de pensão do Sr. Pedro e os investidores que compraram os títulos dele, será prejudicada por falta de dinheiro. É isso que está acontecendo hoje. As pessoas que contrairam crédito não estão conseguindo pagar, gerando um volume enorme de inadimplência e um medo em todo mercado em relação a títulos “subprime”, que apesar de serem de alta lucratividade, não tem mais garatia de recebimento. Na verdade nunca teve, na prática. Em 2006 os preços dos imóveis americanos atingiram seu valor máximo e começaram a cair. Os juros do FED que vinham subindo para frear a infração, começou a afastar os compradores pois o crédito naturalmente começou a encarecer. Com isso a oferta de venda começou a superar a demanda de compra de imóveis, fazendo o preço dos imóveis despencar e as taxas de inadimplência subirem exponencialmente. Com os juros mais altos as pessoas não conseguiam pagar seus empréstimos gerando um medo de calotes por parte das empresas de hipotéca, diminuindo o crédito e desacelerando fortemente o crescimento da economia nos EUA. Quanto menos crédito, menos gente compra alguma coisa e logicamente menos dinheiro circula, gerando um problema de liquidez (dinheiro disponível). Mais como isso pode atingir o mundo todo? Simples, lembra das pessoas que compraram os títulos do Sr. Pedro do exemplo que dei acima? Pois bem, tais pessoas podem estar em qualquer lugar do mundo e a falta de dinheiro, por não pagamento de tais títulos, chega até elas afetando os mercados financeiros de todo o mundo. Isso é a globalização. Os primeiros efeitos da crise foram sentidos ainda no ano passado, pelo BNP - Paribas Investment Partners, divisão do banco francês BNP Paribas, congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, prevendo problemas com os títulos “subprime” dos Estados Unidos. A reação do mercado imobiliário, diante da medida tomada pelo BNP Paribas, não poderia ter sido outra a não ser pânico. Uma das maiores empresas de hipoteca dos EUA, a American Home Mortgage (AHM) pediu concordata e a Countrywide Financial, outra gigante do setor hipotecário, teve que ser comprada pelo Bank of America para não quebrar também. Também vale lembrar que vários outros grupos financeiros e bancos ao redor do mundo perderam bilhões com os titulos “subprime”. Recentemente as empresas Fannie Mae e Freddie Mac, duas gigantes do meio hipotecário, também deram sinais que poderiam quebrar. Estas duas empresas eram detentoras de metade dos 12 Trilhões em empréstimos para moradia nos EUA. O Departamento do Tesouro americano interveio e anunciou uma juda de até U$ 200 bilhões. Já o banco Lehman Brothers não teve tal ajuda e acabou pedindo concordata após negociações para injeção de dinheiro e até mesmo empréstimos do governo foram por água a baixo. Com a concordata do Lehman Brothers, o banco Merrill Lynch ao Bank of America foi vendido, uma ajuda de U$ 85 bilhões foi concedida a seguradora AIG por medo de quebra por falta de fontes de captação de empréstimos, a quebra do banco de empréstimos em poupança (”savings & loans”) Washington Mutual - considerada pelos especialistas como a pior quebra de um banco americano -, venda do banco Wachovia que era o quarto maior banco dos EUA e anunciou fusão com o banco Wells Fargo, em uma operação de US$ 15,1 bilhões em troca de ações. Os problemas do Wachovia têm boa parte de sua origem na aquisição da companhia hipotecária Golden West Financial em 2006, por cerca de US$ 25 bilhões, quando o mercado imobiliário ainda estava em um momento de euforia. Com a compra, o Wachovia assumiu US$ 122 bilhões em hipotecas do tipo ‘Pick-A-Payment’, na qual a Golden West era especialista. Nessa modalidade, os mutuários tinham permissão para deixar de fazer alguns pagamentos. Para combater esta onda de falências entre seus bancos, o Congresso Americano aprovou um plano de ajuda de U$ 700 bilhões. O plano do governo americano é comprar justamente os títulos “podres”, que são títulos com resgate quase improvável, cuja grande maioria são títulos vindos do crédito “subprime” do sistema hipotecário americano. O melhor neste momento é ter bastante cautela e ficar muito atento aos movimentos do mercado financeiro. Se você tem dinheiro investido na bolsa o melhor a fazer é esperar e não tomar nenhuma atitude brusca. Vamos torcer para isso passar logo.

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EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde