Translate

domingo, 17 de março de 2013

Maria da Penha: A luta da mulher que deu nome à lei contra violência doméstica.

Maria da Penha Maia Fernandes nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 1945. Infelizmente sua vida foi marcada por uma realidade cruel. Ela tornou-se símbolo da luta contra a violência doméstica cometida contra a mulher.

Maria formou-se na Faculdade de Farmácia e Bioquímica em 1966, na Universidade Federal do Ceará. Casou-se aos 19 anos, mas esse casamento não deu certo pois o marido não queria que ela trabalhasse e estudasse. Separaram-se e ela foi pra USP completar seus estudos, especializando-se em Parasitologia. Foi em São Paulo que conheceu Marco Antônio Heredia Viveiros, professor universitário de Economia, por quem se apaixonou. Nesse segundo casamento, tiveram 3 filhas, mas o comportamento do companheiro foi tornando-se agressivo. Marco batia muito nas filhas e era exageradamente ciumento.

Em 1983, Maria levou um tiro de espingarda de Marco, enquanto dormia. Como sequela, perdeu os movimentos das pernas e se viu presa em uma cadeira de rodas. Seu marido tentou acobertar o crime, alegando que o disparo havia sido cometido por um ladrão.

Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa, onde mais sofrimento lhe aguardava. Seu marido a manteve presa dentro de sua residência, iniciando-se uma série de agressões. Por fim, uma nova tentativa de assassinato, desta vez por eletrocução a levou a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas. Maria ficou irremediavelmente paraplégica.

No ano seguinte, em 1984, Maria da Penha iniciou uma longa jornada em busca de justiça e segurança. Sete anos depois, seu marido foi a júri, sendo condenado a 15 anos de prisão. A defesa apelou da sentença e, no ano seguinte, a condenação foi anulada. Um novo julgamento foi realizado em 1996 e uma condenação de 10 anos foi-lhe aplicada. Na prática, seu ex-marido ficou apenas 2 anos preso, em regime fechado.

Inconformada, Maria da Penha, com o apoio de ONGS, recorreu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O caso teve repercussão internacional e ganhou a atenção das autoridades, tendo sido considerado, pela primeira vez na história, não apenas como tentativa de homicídio ou lesão corporal grave, mas também como violência doméstica.

O episódio chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos e foi considerado, pela primeira vez na história, um crime de violência doméstica.

Em 7 de agosto de 2006 a Lei Maria da Penha foi sancionada pelo presidente Lula, aumentando o rigor das punições às agressões contra a mulher, quando elas ocorrem dentro de casa. Também criados juizados de violência doméstica e centros de referência de atendimento à mulher em situação de violência, onde mulheres que correm risco de morte têm direito de permanecer com os filhos e ter acompanhamento psicológico, jurídico e social.

Segundo Maria: "Não adianta ter o nome na lei e não estar na batalha. As mulheres se encorajam com as minhas ações e se apropriam do meu discurso. Elas me procuram em todo lugar para falar de suas experiências. Outro dia, em Goiânia, uma senhora veio até mim e falou “hoje eu sou feliz graças a você”. E eu falei que não era graças a mim, mas a ela, que teve força para querer sair de uma situação de violência."

Fonte: Livro “Sobrevivi, Posso Contar”, de Maria da Penha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger

vocêsabeessa

EU SOU SIMPLESMENTE LINA.

PRECONCEITO

MEUS AMIGOS Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde